Olá pessoas!
Juntei três jogadores iniciantes em RPG e fizemos nossa primeira sessão de Fate Básico (temos uma revista muito bacana sobre o assunto aqui e um site com muito material aqui para seu deleite e conhecimento desse sistema bacanérrimo!), comumente chamada pela galera da comunidade de Fate no Facebook de “sessão zero” uma vez que é uma sessão somente para definições e não para o jogo propriamente dito. Como eu sou muito fã de fantasia moderna, a única indicação que dei aos jogadores é que iríamos fazer algo nessa linha, utilizando referências da cultura pop como Supernatural, Buffy e Arquivo X.
O que mais admiro no sistema Fate é a narrativa compartilhada em que todos detém o poder de modificar alguma coisa no decorrer da história sem necessariamente usar as habilidades e características do seu personagem para fazer isso. Confesso que essa foi a vantagem que me fez voltar ao RPG. É muito desanimador gastar um tempo criando histórias, NPCs, armadilhas para no fim o jogo não ocorrer por quaisquer motivos. Por tanto, iniciamos a partir das orientações do Fate Básico.

Começamos conversando: que tipo de jogo queremos? Como será o mundo onde nos envolveremos? Quais tipos de questões existem no mundo e quais estão eminentes, prestes a acontecer?
A partir de um brainstorm em grupo, chegamos nas primeiras impressões do mundo graças a experiência dos jogadores de jogos, livros e séries de TV:
- Vai ter magia na história;
- Os mitos, religiões e criaturas estão entre os humanos, mas nada escancarado. Todos concordaram que as investigações e situações mais simples como diálogos serão sutis, enquanto que combates poderão ser um pouco mais escancarados;
- Existem realidades paralelas. Um dos problemas que o mundo enfrenta é que essas realidades estão “invadindo” o mundo real, criando portais ou bolsões de realidade;
- O sobrenatural existe, mas sempre será sutil como o que acontece em Supernatural. Deuses, demônios e criaturas aparecerão desde que se manifeste em termos humanos sem exageros como normalmente relatados nos contos de fantasia. Quem conhece Percy Jackson, do Rick Riordan entenderá bastante a pegada da história;
- A história começará pequena, local, na cidade, podendo expandir-se para níveis maiores como entre cidades ou planos de existência, por exemplo.
Dessa forma, criamos os dois primeiros Aspectos da nossa história, como questão existente e questão iminente:
O sobrenatural está presente sob um aspecto humano
A realidade está colidindo em si mesma
O próximo passo foi a criação de locais de interesse ou figuras da história. A cada local, pedi para que os jogadores sugerissem um ou dois PdN que tivessem alguma ligação com o local independentemente de qual ligação.

Em mais uma rodada de discussão, abri para que cada um dos jogadores começasse sugerindo um local e, a partir disso, iríamos falar sobre possíveis pessoas envolvidas com ele. O primeiro local escolhido foi uma Universidade. As características que uma universidade tem, na visão dos jogadores, são:
- é diversa, podendo-se encontrar todo tipo de pessoa, crença, religião ou teorias racionais;
- por ser pública, tem interesse do governo envolvido, o que pode se tornar uma boa fonte de intrigas;
- já existem pesquisas sobre as realidades que estão colidindo;
- é abrangente, ou seja, suas ações tem efeitos em muitos lugares.
Dessa forma, definimos os seguintes aspectos para nossa universidade:
Uma explosão de crenças e pessoas
A ciência não reconhece seus próprios limites
O governo financia o caos em nome do poder

Ao pensarem sobre este local, o primeiro PdN que foi criado foi o de um investidor interessado nessa colisão de mundos por algum motivo. Ele foi definido como sendo um indígena naturalizado australiano chamado Joseph. Ele patrocina diretamente as pesquisas feitas com relação a colisão de mundos sem motivos claros para tanto. Para ele, os seguintes aspectos foram criados, sendo um para definir seu conceito e outro para seu problema:
Um investidor sem limites
Eu faço o que faço porquê eu posso
Em seguida, eles quiseram criar alguém que seria seu complemento lutando contra os problemas que por ventura o Joseph criasse. Quiseram colocar um elemento natural e protetor para o próximo PdN. Escolheram que seria um médico Sem Fronteiras que busca evitar que a universidade e as pesquisas científicas patrocinadas por pessoas como o Joseph causem estragos na natureza e nas tradições ligadas a ela. Dessa forma, Juan tem os seguintes aspectos:
Médico xamã protetor da ancestralidade
Um Davi no meio de Golias
O segundo local, sugerido por outro jogador, começou a partir de uma sugestão de mim como narrador. Para fomentar a imaginação, sugeri um local sagrado ou algum tipo de portal. Alguém teve a ideia de ser um banheiro público, o que foi rapidamente aceito por todos. Esse banheiro público funcionará como luz para mariposas, modificando a realidade próxima a ele e atraindo todo tipo de lunático, mesmo que não percebam exatamente o motivo. A sua volta, sempre haverão mendigos que dormem próximo e utilizam tanto o banheiro quanto o bebedouro adjacente.
Apesar de sagrado, este local parecerá comum para todos as pessoas normais, ou seja, aqueles que nunca tiveram nenhum contato com o mágico ou sobrenatural não verão nada de mais nele. Dessa forma, o aspecto desse banheiro ficou definido como:
Um ponto de poder para escolhidos

Definiram que um PdN interessante para este ponto é simplesmente O Porteiro. Ele é uma entidade poderosa, mas de origem desconhecida para a grande maioria da sociedade sobrenatural da cidade. Ele é tanto o porteiro quanto o guardião do banheiro. Além disso, tem a habilidade de usar o banheiro para usá-lo para abrir portais para qualquer lugar da realidade conhecida. Seu aspecto é
O homem das chaves para todos as portas
Como pedi para que cada um desse uma ideia de local relevante, foi definido somente mais um local: um parque!

Como a dinâmica de criação estava instalada, este local foi rapidamente criado e aceito por todos. Resolveram que o parque deveria ter as seguintes características:
- um lugar sagrado, mas neutro: ninguém sabe de onde vem tanta potência;
- é mágico e funcionará como um santuário onde todos os seres sobrenaturais perderão totalmente seus poderes, assumindo uma forma humana (e, inclusive, mortal) enquanto estiverem nos limites do parque.
Os aspectos definidos foram:
Um santuário antigo para todos;
Todos são iguais dentro do parque.
Por ser por si só um lugar muito poderoso, nenhum PdN foi criado pelos jogadores.
Talvez o narrador criará se for interessante para a trama…

Essa foi a primeira parte de nossa sessão zero de Fate. A partir dela, várias questões surgem, como:
- Como fonte de poder, o banheiro público é disputado por grupos diferentes? Quem consegue ter poder equivalente ao Porteiro?
- Que tipo de eventos acontecem no parque? Acordos de cessar-fogo? Já aconteceram alguns incidentes nele ou próximo dele?
- Até que ponto as pesquisas da Universidade descobriram sobre a colisão dos mundos?
- Quais mundos estão colidindo? O que vai acontecer se eles se colidirem?
- Que tipo de grupos tem interesse na colisão dos mundos? Quais buscam evitá-la? A ameaça dessa colisão é grande o suficiente para fazer com que nasçam alianças improváveis?
Sacou o poder da criação conjunta? Mesmo que existam tropos comuns de histórias fantásticas, percebeu como criar em grupo pode fazer um cenário único?
Bons jogos!
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