2025-10-27

RPG a la Carte

A contra-cultura do RPG

imagem do personagem retratado no post

Mundo das Trevas para Leigos, parte 4: Criando Personagens

Esta é a parte 4 da minha série Narração para Leigos na qual crio guias para ajudar tanto narradores iniciantes quanto veteranos. Eu não escrevo um post assim há algum tempo. Eu perdi a motivação, fui engolido pelo trabalho da escola e simplesmente tive a impressão eu ninguém estava lendo isto. Agora eu estou com o vento em minhas velas e buscando compartilhar o que eu conheço. Nesta parte eu cobrirei meu conhecimento em como criar um personagem não só para Vampiro, a Máscara como o narrador, mas também em outros jogos, como jogador ou mesmo em servidores de “play by post”. Vamos começar!
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Este artigo faz parte da série Narração para Leigos orientado para Vampiro, a Máscara e jogos do Mundo das Trevas em geral, e que pode ser usado também em outros sistemas. Seu autor foi o u/PossibleChangeling o qual gentilmente cedeu o conteúdo para que traduzíssemos para nosso blog.

Olááááá! Esta é a parte 4 da minha série Narração para Leigos na qual crio guias para ajudar tanto narradores iniciantes quanto veteranos. Eu não escrevo um post assim há algum tempo. Eu perdi a motivação, fui engolido pelo trabalho da escola e simplesmente tive a impressão eu ninguém estava lendo isto. Agora eu estou com o vento em minhas velas e buscando compartilhar o que eu conheço.

Nesta parte eu cobrirei meu conhecimento em como criar um personagem não só para Vampiro, a Máscara como o narrador, mas também em outros jogos, como jogador ou mesmo em servidores de “play by post”. Vamos começar!

Introdução

Então, você encontrou um Narrador que está com vontade de narrar para você. Ou talvez você é um Narrador que precisa de um NPC que seja uma força potente em seus jogos. Ou talvez você se juntou a um servidor de “play by fórum” e não sabe como personagens nesse estilo de jogo. Bem, não tema! No decorrer deste texto vou compartilhar meu conhecimento sobre nuances de criação de personagem e como esse processo muda dependendo de como exatamente o personagem será usado no jogo em que você está inserido.

Então, o que é um personagem? Bem, em todo tipo de histórias você encontra criaturas com personalidades, antecedentes, motivações e objetivos únicos. Isso é igualmente verdadeiro em Vampiro, a Máscara, no qual você representa um Membro em ascensão em uma cidade de Anciões que são muito mais poderosos que você em algum momento será. Seu personagem é o método principal com quem você interage com o jogo, então construí-lo em volta do que você quer é a chave. Eu frequentemente fiz personagens que eu pensei que fossem legais, mas não gostei de representa-los. Dito isso, eu fiz um Toreador Antitribu chamado de Roger. Ele era um tipo de um safado com uma pegada sádica e paixão em ver o mundo queimar. Entretando, Roger ganhou ódio de outros por causa de sua trágica educação. Como alguém que teve uma infância dura e tem sempre lutado por uma vida pacífica e amorosa, eu simplesmente não pude me conectar com essa pessoa que criei. Então, no fim, Roger foi riscado e criei outro.

Isto é uma das coisas que eu acho importante pensar quando fizer um personagem. Que história eles devem contar e o que você quer ver dessa história? Personagens não são apenas modelos rasos. Eles são um filme que você assiste até o final. Aprender como crear as sementes de uma grande história em seu personagem é algo que irá envolver seu prazer com RPGs totalmente.

Deve-se ser dito que regra não é tão verdadeira para o Narrador. Enquanto um personagem ainda representa uma história quando ele é um NPC, deve-se ter consciência de que o ponto do jogo é criar uma história sobre seus jogadores. Frequentemente mestres e narradores falham em entender isso e criam personagens com habilidades irrealistas que fazem tudo. Como um narrador, quando você cria um NPC, ele representa uma história possível que pode acontecer em seu jogo. Em meu jogo, eu planejo incluir um Tzimisce caitiff chamado Griffon. Ele começou como um PC que eu fiz que detestava seu clã e faria um laço de sangue de boa vontade se isso significar continuar a caçar aqueles que roubaram sua vida. Como um NPC, eu percebi que minha história pessoal de busca por vingança era menos atraente. Ao invés disso, Griffon se tornou um personagem que representa a fúria e a agressão incarnadas. Ele é um Arconte e atualmente mora em Chicago. Ele foi programando a seguir as leis Tzimisce da hospitalidade mesmo se ele não sabe mais o motivo de segui-las. Como resultado, é uma peça política poderosa em Chicago. Precisa de um lugar para ficar a noite? Griffon deixará você dormir em sua casa e o fato de que ela é seu domínio significa que ele está em pleno direito de rasgar qualquer um que tente machucar alguém em sua casa. Ele é também fácil de ser manipulado. Se Kevin Jackson disse a ele que havia membros do Sabá em sua casa mas ele não sabe quem eles são ou como se parecem, Griffon queimará sua casa sem pensar duas vezes. Qualquer coisa em nome de sua vingança. Meu ponto é uqe Griffon moveu-se de ter uma história de vingança com ele como o personagem principal para um personagem com potencial para os jogadores em Chicago. Ele saiu de confuso e ferido para vingativo, furioso e explorável. Este é um jogo sobre uma história entre jogadores e Narrador, então eu o fiz como alguém que não demanda holofote no lugar de outros jogadores. Eu o fiz como alguém que pode se tornar parte de suas histórias.

Agora, no que diz respeito a jogos “play by post”, eles oferecem um conjunto novo de desafios que você precisará lidar. O maior que eu penso é o dos Objetivos do Personagem. Em jogos “play by post”, seu personagem precisa de uma ambição com a qual ele vai trabalhar senão ele vai se tornar raso. Eu já fiz toneladas de personagens que funcionaram para jogos presenciais mas não tinham nada pra fazer em “play by post”. Eu recomendo dar ao seu personagem várias ambições para trabalhar que envolvam sua personalidade. Você vê várias dessas no nos livros de Chicago By Night onde personagens tem 3 ou 4 ambições ativas que eles podem perseguir com o coração. Coisas assim são ferramentas essenciais para um personagem de um jogo “play by post”

Ok, eu divaguei o suficiente. Vamos arregaçar as mangas e criar um personagem.

Passo 1: conceito

Ao contrário do que as pessoas acreditam, resumir um personagem a uma única coisa não significa simplificar demais. Focar em uma ou duas coisas que reinarão no que você quer que eles sejam ajuda a focar no que você gosta. Isso é também uma forma extremamente natural de criar um personagem, visto que você pode pegar uma coisa que você gosta e ver até onde você pode espreme-la.

Eu vou usar o personagem favorito que eu já criei como exemplo para este post: Lawrence Roberts.

O conceito de Lawrence era “Serial killer”.

Que tipo de “serial killer”? Quem é seu alvo? Por que ele os mata? Bem, essas questões me ajudaram a desenvolver o personagem para alguém que eu gostei.

A maior questão era a motivação para matar pessoas. Para responde-la, eu devo falar um pouco sobre mim. Eu não gosto de vilões que fazem o mal por razão nenhuma ou simplesmente porque são maus. Eu sou um creio firmemente que os melhores vilões tem razões para o que eles fazem. Voldemort era medroso e vaidoso, Walter White queria proteger sua família enquanto desejava ter o que sempre quis mas nunca pode (dinheiro, poder, satisfação) e Hannibal Lecter ajudou a doce Clarice porque ele estava interessado nela e viu circunstâncias potenciais que poderiam ajuda-lo a escapar. Existe sempre lógica no que os vilões fazem. Ela pode ser falha, talvez desinformada, mas sempre existe uma razão. Se não existisse, eles poderiam simplesmente ir embora.

A parte bacana de escolher um conceito é que ele introduz algumas questões que você pode usar para desenvolver o personagem através das respostas. Se seu conceito é “festeiro”, por que ele gosta de festas? Ele é um bon vivant que acredita que a vida é para ser vivida mesmo se não está vivo tecnicamente? Ou ele está fugindo de algo e buscando refúgio em drogas e bebida? A história do Lawrence foi sempre a de alguém que queria um mundo melhor mas não pode tornar isso realidade não importava o que fazia. Ele não era o ajudante de um assassino porque isso não era algo que eu gostaria de representar. Eu me perguntei o motivo que o fazia ser um assassino e a resposta que me veio foi que ele tinha um senso forte de justiça e sentia que simplesmente não havia outra forma de concertar o mundo.

A coisa importante de notar aqui é que não é porque o personagem acaba mal ou você não gosta dele que significa que o conceito é falho. Um assassino serial pode ser uma dúvida de coisas. Ele pode ser um assamita vigilante que quer justiça, um Tremere ou Ventrue que venera o Light Yagami do Death Note. Faça com que ele seja um assassino Brujah cujo assassinatos de membros corruptos chacoalhou a cidade onde se passa sua crônica. Tudo se trata da história que você quer contar e como você quer conta-la.

Passo 2: escreva os antecedentes

Ok, ok, agora eu sei que isso soa como um grande salto, mas mantenha-se comigo. Eu frequentemente começo minha criação de personagem com algo como isto:

  • Nome do Personagem: Lawrence Roberts
  • Clã: Hecata (Nagajara)
  • Conceito: serial killer
  • Tipo de predador: ladrão de túmulos

Eu incluo tipo de predador porque particularmente me ajuda a criar um personagem de Vampiro, a Máscara, mas eu deixo de fora as convicções. Para aqueles que estão lendo que não conhecem V5, convicções são guias morais que o seu personagem tem. Defini-las em pedra antes de escrever o histórico restringe o que o personagem pode ser já que é na escrita da história que o personagem realmente ganha vida para mim.

Então você tem um conceito, você tem seu clã e você tem um leiaute extremamente simples de como o personagem é. Agora é o momento de vestir seu chapéu de escritor porque nós iremos escrever sua história. Nós não escreveremos sua história inteira. Isso levaria anos e tentar escrevê-la bem, mantendo um formato sólido e outras coisas somente nos atrasaria. Guarde isso para o próximo passo. Não, nós precisamos de eventos-chave para o personagem. Eu geralmente separo a história do personagem em duas seções: meus dias mortais e minhas noites como vampiro. Os primeiros detalham sua vida mortal e como ele encontrou, e possivelmente foi ensinado, pelo seu senhor antes de seu abraço. A segunda segue sua evolução até se tornar o predador que ele é no início do jogo. Eu sou um fiel defensor de que para fazer um vampiro eu tenho que fazê-lo humano antes. Eu nunca começo com o objetivo final. Para Lawrence, eu tentei criar alguém que eu poderia ver pensando que assassinato é uma forma justificável de fazer o mundo um lugar melhor. Comece com o humano e o vampiro não estará muito longe.

Como uma linha geral, eu faço:

  • Infância;
  • Adolescência;
  • Fase adulta;
  • Abraço.

Você não precisa seguir isso. Eu pessoalmente foco na fase de jovem adulto e na vida adulta visto que isso é onde a maioria dos meus personagens se tornam o que eles se tornarão mais tarde.

Como exemplo de como esse formato pode se parecer, aqui está a história do Lawrence no formato que eu uso:

Dias mortais: um ciclo de sujeira

  • Nasceu em um lar abusivo com uma mãe santa e um pai nervoso bêbado.
  • A mãe foi morta pelo pai. Lawrence se sentiu impotente.
  • Ele se mudou para um lar adotivo e estudou direito para punir pessoas como seu pai.
  • Teve uma filha fruto de uma ficada única.
  • 18 anos depois a filha vai para o hospital por causa de seu namorado abusivo.
  • Lawrence sabe que ele não será pego então decide ele mesmo puni-lo.
  • Ele pega o namorado em um motel na periferia da cidade. Leva sua .22 e o amarra na cama. Ele planeja mata-lo.
  • Ele conhece sua senhora. Ela estava planejando matar o garoto também e ficou impressionada que um mortal teve a mesma ideia além de passar na sua frente no plano.
  • A senhora observa Lawrence matando o namorado de sua filha e então o abraça.

Noites imortais: um assassino natural

  • Lawrence teve que deixar sua filha para trás para começar seu treinamento.
  • Estudou assassinos junto de sua senhora por 10 anos aprendendo como eles escaparam, a captura-los e a encontra-los.
  • Lawrence emerge como um Membro caçando todos que ele acha que merecem morrer.
  • Retorna a sua cidade natal. Fica sabendo que sua filha entrou para a polícia depois que seu pai foi “morto”.
  • Abre mão de conduzir sua filha, um marco em sua vida, para fora do caminho da justiça e continua a caçada daqueles que ele julga que merecem morrer.

Ok! Eu não tenho ideia se as pessoas verão esse histórico e pensar que é bom ou rir de minha presunção de mostrar minha criação, mas vamos falar sobre o porquê de eu tê-lo escrito dessa forma.

Lawrence é um personagem com um forte senso de justiça, então eu precisei instilar nele um senso de certo e errado quando jovem. Ele viu os horrores que a injustiça pode trazer bem cedo e trabalhou durante sua juventude para prevenir isso. Quando adulto, apesar de tudo que ele fez para tornar o mundo um lugar melhor, aqueles perto dele ainda encontraram os mesmos horrores dos quais fugiu por tanto tempo. Ele é um promotor, então ele sabe que o garoto nunca será pego. Anos gastos estudando Direito para colocar pessoas atrás das grades, tudo por água abaixo quando sua filha está em perigo. Então ele assume a responsabilidade de consertar isso. Ele está cansado do mundo, possivelmente um pouco louco, definitivamente muito puto. É essa fúria que chama a atenção de sua senhora. O resto é história.

A coisa que eu quero levar para casa é que isso não é muito. Eu já sei que ele é um serial killer com um forte senso de justiça. Tudo que eu faço depois disso é criar aquelas coisas em um personagem. Eu dei a ele um forte senso de justiça mostrando para ele quão horrível o mundo pode ser. Eu o fiz um assassino criando circunstâncias nas quais ele poderia chegar a conclusão que violência é a única solução. Depois disso, bem… Dez anos próximo de uma Nagaraja faria qualquer um ficar um pouco louco, certo? No momento que a crônica começa, Lawrence já é um assassino além de redenção. Manter a filha perto é só uma peculiaridade divertida de storytelling. Na minha mente, eu sempre imagino Lawrence como o vilão da história de sua filha. Ela é a heroína que está lutando para se livrar de monstros que mataram seu pai enquanto que ele é o cara que se tornou um monstro por ter perdido a mão.

Passo 3: toques finais

Depois disso, honestamente tudo que resta fazer é criar uma ficha de personagem e escrever o histórico em uma forma mais apresentável. Você poderia fazer a ficha de personagem mais cedo no processo e honestamente está tudo bem. Deus sabe que eu fiz algumas para meu primeiro personagem antes de realmente sentir quem ele é.

Neste ponto você só quer fazer com que tudo fique apresentável. Você tem uma imagem na cabeça de quem seu personagem é. Se você é como eu e ama criar históricos elaborados no Google Docs então agora é o momento. Talvez acabe até como o histórico do Lawrence. Isso também é um passo no qual você define suas convicções se estiver jogando Vampiro, a Máscara. Convicções são uma ferramenta poderosa que ajuda a evitar manchas e segura a humanidade do seu personagem firmemente. Elas são também uma forma fantástica de jogar com personagens mais maus. Caminhos de Iluminação podem e tem sido resumido a um conjunto de 4 a 5 convicções que sustentam sua moral. A razão pela qual eu faço isso agora e não antes é que frequentemente a personalidade de um personagem e sua estrutura de crenças não emergem até você descobrir quem ele é. Encontrar a bússola moral do “político malkaviano” é tão difícil quanto descobrir o histórico de um personagem que tem como convicção “vestir-se como a realeza”. Esses entretanto são meus 2 centavos. Tenho certeza que existem pessoas por aí que fazem coisas completamente diferentes de mim.

Basicamente é assim como eu escrevo meus personagens. Existe mil coisas que eu não coloquei aqui que você provavelmente gostaria de saber. “Lore” disso, história daquilo, pode criar uma “build” disso, e está tudo bem! Não saber coisas pode ser divertido de sua própria forma. Eu tive personagens que não funcionaram definitivamente por causa de um ou outro detalhe de “lore” que eu não tinha ideia. Apesar disso, eu os amei totalmente. Criar um personagem é muito divertido mas não existe forma certa de fazê-lo. Se você quer começar com uma build em termos de mecânica e fazer algo assim, vá em frente.

Essa foi a parte 4 de Narração para Leigos. Eu realmente não sei quando o próximo post será publicado já que minha vida é um furacão de saúde mental e trabalho. Fique ligado até a próxima e como sempre espero que tenha gostado!

Este artigo faz parte da série Narração para Leigos orientado para Vampiro, a Máscara e jogos do Mundo das Trevas em geral, e que pode ser usado também em outros sistemas. Seu autor foi o u/PossibleChangeling o qual gentilmente cedeu o conteúdo para que traduzíssemos para nosso blog.

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